A introdução de ciclovias na cidade de Lisboa além do objectivo directo de criar uma rede ciclável, tem como consequência indirecta relançar o tema da mobilidade e acessibilidade pedonal. É impressionante a proporção de utilizadores das ciclovias que por lá andam… sem bicicleta. Desde a mãe ou pai que passeiam o seu carrinho de bebé aproveitando o piso estável e plano, até ao idoso que pelos mesmos motivos procura refugio da calçada Portuguesa esburacada e irregular.
Gosto da calçada Portuguesa, e considero que é um símbolo caracterizador da nossa identidade cultural. No entanto, e não havendo recursos para a sua dispendiosa manutenção, defendo que a mesma deva ser reservada a zonas históricas e turísticas, e que nessas zonas ela seja efectivamente preservada e com a manutenção adequada. Nas restantes zonas, e a favor da mobilidade dos que gostam de andar em Lisboa sem ser de carro, promova-se a substituição da calçada Portuguesa por soluções de pavimento menos dispendiosas para o erário público. Os nossos bolsos, e os nossos pés agradecem.
E assim falou o Feiticeiro.