quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Assange - Demónio ou Paladino

Será o fenómeno Wikileaks mais um efeito secundário da globalização digital com que a Humanidade se confronta?
É Assange um terrorista que coloca em causa a segurança interna dos Estados ou um paladino da livre informação? Sendo ainda desconhecido o novo equilíbrio mundial para o qual a Humanidade caminha, Assange é no mínimo revolucionário.
Informação é poder. E esse poder ao longo da história sempre foi monopólio de uns poucos, que decidem o destino de muitos. E o que acontece quando no "mercado" da decisão politica se difunde a informação de forma tão massiva que ela deixa de ser uma vantagem competitiva para quem a detém?
É que uma das particularidades da acção de Assange é a de que a informação libertada, é feita em bruto, de modo aparentemente não filtrado. São disponibilizados vários milhares de documentos de uma só vez, e cada Estado, cada orgão de informação, cada individuo, vai procurar a informação que lhe é relevante. No caso recente, em Portugal, os jornais depressa quiseram saber quantas referencias a Portugal, e logo chegaram a informações sobre os voos da CIA sobre território Nacional.
Não sei qual será a nova ordem mundial, ou sobre que regras se regerá, mas Julian Assange desafia de forma revolucionária o modo como as nações e os seus dirigentes se relacionam com os seus dirigentes com os seus cidadãos.
E a revolução reside precisamente aqui, na relação do poder com os representados. Porque não tenhamos ilusões. O que ele revela não é segredo para nenhum dirigente mundial. Se ele consegue acesso a estas informações, também os serviços secretos de cada pais conseguem, multilateralmente, informações mútuas. Tal como fica ilustrado no episódio tornado público, em que Hillary Clinton, no contacto com um líder Europeu alertando para o facto de estar prestes a serem reveladas informações confidenciais menos abonatórias sobre esse líder, terá tido como resposta "Não faz mal. Nem imagina o que nós dizemos de si".
Mais um sinal de desconstrução do modelo de sociedade tal como o conhecemos. O novo mundo está ao virar da esquina.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

FMI : antes ou depois do Natal - faites vos jeux

As taxas de juro a 10 anos sobre Portugal são as que menos tem subido nas ultimas 3 semanas, se bem que estão já a um nível insustentável. A noticia é de facto a enorme pressão que cresce sobre Espanha: nos últimos 3 meses a taxa a 10 anos subiu mais para Espanha do que para Portugal. Mais: hoje a taxa da divida soberana Espanhola a 10 anos está ao nível do que tinha Portugal em 18/10/2010 quando foram anunciadas as medidas do PEC 3 materializado no OE 2011. Cada vez mais as fragilidades de Espanha estão expostas.Como um comentador dizia, nós somos apenas tapas. O prato principal mora aqui ao lado.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O Pai Natal à porta...

Na situação em que se encontra a economia Espanhola, e com as taxas a 10 anos a passarem pela primeira vez a barreira psicológica dos 5%, uma eventual (provável) intervenção do FMI em Portugal, teria que o ser inevitavelmente e em simultâneo também para Espanha. E os últimos dias confirmam que a subida de juros para a divida soberana Espanhola estão a crescer a um ritmo mais elevado do que os de Portugal.

 

E já se fala de quem virá a seguir: Itália, e até há quem já se atreva a falar na França…

 

 

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

O próximo na fila

Tenho a sensação que os especuladores vão virar-se para Espanha e não para Portugal. Nos últimos 5 dias, a diferença de taxa de juro a 10 anos entre Portugal e Espanha reduziu-se em 300 pontos base…

Se bem que a diferença seja ainda de 1,9 pontos percentuais, já foi de 2,5 a 10 de Novembro, e muito próximo dos 5% e do máximo do ano (A 10 anos a taxa indicativa está hoje dia 22/11 em 4.75%, em informação disponibilizada pelo site da bloomberg).

É que problemas em Espanha tem muito maior impacto na economia Alemã do que problemas em Portugal…

Portugal Periférico

 

A Cimeira da Nato, e a Cimeira UE-EUA serviram mais uma vez para comprovar a nossa brutal competência para a organização de eventos. O nosso currículo é vasto: desde a Expo 98, passando pelo Euro 2004, a cimeira luso americana, e agora a cimeira da NATO vem comprovar mais um sector em que somos lideres mundiais: a organização de eventos! Todos elogiam a nossa capacidade de organização e saber em bem receber.

E até nas manifestações sabemos mostrar a diferença. Até o Bloco de esquerda, que dá cursos de verão em desobediência civil, não se quis ver misturado com os profissionais estrangeiros na arte de rebeldia, no desfile da avenida da Liberdade. Só para provar que nós é que sabemos. Nem montras partidas, nem actos de vandalismo ao McDonalds (talvez porque é esta cadeia cada vez mais recurso dos diversos níveis de classe média, cada vez mais baixa).

E tenho a sensação que o atraso na chegada dos famosos blindados encomendados especialmente para a cimeira, foi propositado. Só para provarmos, mais uma vez, que orgulhosamente sós, continuamos orgulhosamente periféricos, mas sabemos receber. Pão e vinho sobre a mesa, e até souvenirs de cortiça, agora sob a forma de coleira para o cão Português da Casa Branca.

 

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Monarquia - para uma sociedade avançada

Será por acaso que 7 dos 10 países com melhor índice de desenvolvimento Humano são monarquias?

FONTE: IDH 2010

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Ainda a questão do OE

Já repararam que se Portugal vivesse em Monarquia, a falsa questão da aprovação ou não do OE de 2010, e a pretensa consequência de demissão do Governo teria outro sentido? É que, se em Portugal vigorasse uma Monarquia Constitucional, não haveriam eleições presidenciais em Janeiro, logo o Governo podia cair hoje e podíamos ter eleições legislativas ainda antes do final do ano…

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

OE ou Não é – ou a arte de dramatizar

Continuamos o nosso rumo insano de debate politico que só serve para alimentar capas de jornal e debates televisivos permanentemente sobre o mesmo tom dramático e pesado. Parece que se generalizou a toda a informação o registo televisivo de Artur Albarran há uns anos atrás “O drama, o Horror… a tragédia”.

Meus caros, a tragédia já aconteceu, e foi quando o povo Português permitiu a vitória (?) do PS, em particular e com especial dramatismo nas eleições de 2009. Ficou ai definitivamente traçada a nossa tragédia. Que raio de dilema é este por causa da aprovação ou não do OE de 2011 (que ainda ninguém conhece, a não ser (talvez) o ministro das finanças), mas sobre o qual todos clamam aprovação. Eu por mim, não costumo assinar documentos em branco, sem ler o que lá está escrito, mas a classe politica iluminada, lá deverá saber. Mas o mais importante nem sequer é este facto. O essencial é que não é este orçamento que vai salvar as finanças publicas, muito menos a economia Portuguesa.

Por muito que nos custe, creio bem que independentemente de termos o orçamento aprovado ou não, é inevitável uma intervenção externa em Portugal (FMI ou outra rapaziada pouco recomendável), porque o disparate já está feito. Despesa atrás de despesa sem controlo, sem capacidade politica de a reduzir. O que está em causa na verdade é saber quem fica com o ónus desta praticamente inevitável intervenção : o Governo porque não sabe governar, ou a oposição porque não aprovou o tal OE que seria a nossa salvação…

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Reserva Permanente de esperança, de futuro, da Continuidade de Portugal


Ontem em Guimarães celebrou-se o 5 de Outubro de 1143, o inicio de Portugal, nas palavras de D. Duarte, esta "comunidade de sonhos a que chamamos Pátria".


É reconfortante saber que Portugal tem uma reserva permanente de esperança, que nos permite acreditar num futuro melhor para Portugal. E saber que a Alma de Portugal vive corporizada na figura do Rei. Um Rei livre. Um Rei que caminha livre ao lado do seu Povo, sem seguranças, carros blindados, cordões de protecção ou figurantes para encher praças feitas de encenações. Um Rei que não pede para o Povo sofrer os males do Estado, mas antes os sente e denuncia. Um Rei livre, para que povo também o seja.

Que bom foi caminhar ao lado do Rei, e saber que na sua esperança vale a pena continuar a acreditar em Portugal.

Viva o Rei! Viva Portugal!

Foto de João Távora

sábado, 4 de setembro de 2010

O Grande Silêncio

Finalmente chegou ao fim o processo Casa Pia (parte 1).
É ensurdecedora a onda de choque provocada pela leitura do acórdão, mas nunca tão ensurdecedor como o silêncio que ano após anos, e não só na casa Pia, este tipo de crimes foi alvo. Por vergonha. Por medo. Até por uma certa cultura de permissividade face a este tipo de actos, que em surdina durante gerações eram quaseencarados como uma infeliz (a)normalidade.

O grande Silêncio acabou.

Quero acreditar que quase 2 anos de investigação, mais 6 de julgamento são capazes de produzir substancia suficiente para as condenações anunciadas.
Por parte dos condenados há a indignação, que por vezes me parece mais por terem sido apenas eles, e não tantos outros os condenados. O próprio Carlos Cruz, numa das suas intervenções de indignação deixa escapar que se espanta por terem chegado a estar 18 pessoas envolvidas no caso da casa de Elvas e no fim só ficar ele.

É absurdo o tempo de antena que se dá a Carlos Cruz, comunicador profissional toda a sua vida. Quero antes confiar na investigação, nos vários profissionais de justiça envolvidos durante 8 anos neste processo. Por mais emotivas e convictas que possam ser as declarações de Carlos Cruz, não consigo esquecer as suas fabulosas performances em programas como o "1, 2, 3" em que num fantástico jogo psicológico manipulava concorrentes e audiência num jogo de ilusões.

Não se tratou de um julgamento sumário, mas sim 6 anos de trabalho, não com um profissional que se pode enganar, mas sim vários, sucessivos, contínuos. Só lamento os culpados que ficaram de fora, por um ou outro motivo.

Mas a grande vitória, foi a de romper o grande silêncio, das vitimas de ontem e as de amanhã, que sabem que este tipo de crimes não é normal, e não pode ficar impune.
A grande vitória, é a de tornar as noites menos tranquilas aos abusadores que impunemente cometiam este tipo de crimes.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Levemente

Que bom escutar que continua a fazer-se boa música Portuguesa. Com boa melodia, equilibrada, adequando voz, à musica e às letras.
O novo álbum de Lara Li, regressando em parceria com Miguel Braga, é um grande disco. Ouve-se do inicio ao fim, com um equilíbrio difícil de alcançar nos tempos que correm.
O disco é feito de algumas adaptações de repertório nacional (Um homem na cidade, Estrela da tarde, Maio maduro Maio, Sol de Inverno), e cinco originais com o toque de Miguel Braga. há ainda uma versão em Português de Smile, na minha opinião talvez a canção menos conseguida deste álbum, talvez vez por ser grande fã do original.

O disco traduz um harmonia permanente em todas as músicas, conseguindo um casamento perfeito entre a melodia e letra, e a voz imutável de Lara Li sempre no tom, cantando realmente, algo que já raramente escutamos seja em Português, seja noutras línguas.
Destaco em particular "Vai à procura" onde sobressai toda a influência Jazz de Miguel Braga, "O céu quando chora" música de uma inocência quase infantil cruzando sabores de musica brasileira, africana e Portuguesa. Neste trabalho conseguem sentir-se todas as estações o ano, levemente, sem nunca perder a consistência do todo.

Todas as versões estão muito bem conseguidas, sendo "Maio, maduro Maio", talvez a mais surpreendente, por conseguir reinventar uma música que no seu original nunca me conseguiu atrair.

O disco vale pelo todo coerente que consegue ser, pelos bons originais que revela, e sobretudo pela magistral voz de Lara Li, interprete maior que não temos sabido apreciar devidamente.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

As ciclovias e a mobilidade em Lisboa

A introdução de ciclovias na cidade de Lisboa além do objectivo directo de criar uma rede ciclável, tem como  consequência indirecta relançar o tema da mobilidade e acessibilidade pedonal. É impressionante a proporção de utilizadores das ciclovias que por lá andam… sem bicicleta. Desde a mãe ou pai que passeiam o seu carrinho de bebé aproveitando o piso estável e plano, até ao idoso que pelos mesmos motivos procura refugio da calçada Portuguesa esburacada e irregular.

Gosto da calçada Portuguesa, e considero que é um símbolo caracterizador da nossa identidade cultural. No entanto, e não havendo recursos para a sua dispendiosa manutenção, defendo que a mesma deva ser reservada a zonas históricas e turísticas, e que nessas zonas ela seja efectivamente preservada e com a manutenção adequada. Nas restantes zonas, e a favor da mobilidade dos que gostam de andar em Lisboa sem ser de carro, promova-se a substituição da calçada Portuguesa por soluções de pavimento menos dispendiosas para o erário público. Os nossos bolsos, e os nossos pés agradecem.

E assim falou o Feiticeiro.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Prémio de consolação

O famoso Polvo que antecipou todos os resultados dos jogos do campeonato do mundo de Futebol, prevê a Espanha como próxima Campeã mundial de futebol. Sendo que nenhuma das selecções me entusiasma, e se tivesse que torcer por alguma, seria pela selecção cor de laranja (sempre está mais próximo da minha preferência partidária), resta-me como consolo, caso de facto seja a Espanha a selecção vitoriosa o facto de a selecção na final , não ser propriamente a selecção Espanhola, mas antes a selecção da Catalunha. Por outro lado, sempre poderíamos dizer que fomos eliminados pela equipa campeã mundial…

sábado, 3 de julho de 2010

Insustentável - palavra oficial para a silly season 2010

Cavaco Silva continua a ter a rara capacidade de marcar a agenda como poucos o fazem em Portugal. Fala pouco, mas quando fala as suas palavras ecoam. Talvez por falta de capacidade de outras tantas personalidades de gerarem conteúdos, o certo é as suas palavras tornam-se moda. E para a Silly season 2010, que como todos sabem começa no 10 de Junho a palavra eleita foi: INSUSTENTÁVEL. Não há quem não a queira utilizar, uns para discordarem, outros para concordar, muitos outros em replica sobre um outro sem número de situações. Até Armando Vara, para justificar a demissão do BCP, evoca as palavras de Cavaco Silva: Insustentável.

Da minha parte, considero que era insustentável manter em silêncio este Feiticeiro que há em mim.

Estou de volta. Espero.