domingo, 12 de agosto de 2012

Solidariedade em tempos de crise

É triste quando em tempos de crise escasseia a solidariedade, a preocupação com o próximo, e a entre ajuda e abunda a desconfiança, o medo, e a carididadezinha da esmola...
Apesar da selva  e do salve-se quem puder, ainda existe quem quer ir à luta, e prefere procurar a cana de pesca em vez de se encostar a queixar-se da dores do mundo: do governo, do vizinho, do patrão, do reumático, ou de qualquer outra desculpa para as suas dores.
E quando estes procuram ajuda, são confundidos com os outros, os da esmola, da caridade arrogante daqueles que se acham moralmente superiores, escolhidos de um reino de Deus por eles inventado, para legitimar a sua superioridade moral.
Deus está em cada gesto bonito do quotidiano, em cada raio de luz, em cada árvore, em cada pedra. Deus não mora num palácio guardado por sacerdotes e orações. No templo estão os cegos, que na esmola espiam o seu vazio.
Cada dia que passa me sinto cada vez mais feliz por não ir à Igreja, e cada dia que passa me sinto cada vez mais próximo de Deus.
Como na canção de Ivan Lins:

Não fechei os olhos
Não tapei os ouvidos
Cheirei, toquei, provei
Ah Eu!
Usei todos os sentidos
Só não lavei as mãos
E é por isso que eu me sinto
Cada vez mais limpo!
Cada vez mais limpo!
Cada vez mais limpo!

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